A história dos Iorubás é uma trama complexa de estados em conflito, impérios em ascensão e queda, e culturas que se mesclam e evoluem. Os Iorubás tinham uma sociedade altamente sofisticada e organizada, com um forte sistema de governo e cidades-estados bem estabelecidas antes da chegada dos colonizadores europeus. Eles eram principalmente divididos em reinos, dos quais podemos citar alguns dos mais conhecidos como: Oyo, Ijebu e Ekiti.

Os Iorubás são famosos por sua arte e escultura, expressões artísticas que retratam não apenas a estética, mas também a cosmovisão e a religião desse povo. As máscaras e esculturas Iorubás são algumas das mais reconhecidas da arte africana e representam uma variedade de deidades, espíritos e antepassados.

A mitologia Iorubá é particularmente fascinante. Os Iorubás têm uma rica tradição oral, com uma infinidade de histórias e mitos que explicam o mundo ao seu redor. Em sua cosmologia, a vida é um ciclo, um fluxo constante de existência espiritual e física. As divindades, chamadas Òrìṣà (Orixás), são muitas e diversas, cada uma com suas próprias personalidades, poderes e mitos associados (muito presente na religião de grande parte da minha família).

Um dos Orixás mais famosos é Oduduwa*, que é considerado o ancestral dos Iorubás. Ele é frequentemente retratado em artefatos culturais, simbolizando a descendência comum dos Iorubás (base fundamental dos Iorubás). Sàngó (Xangô)*, o Orixá do trovão e do raio, é outra figura central na mitologia Iorubá. Acredita-se que ele foi um rei histórico do povo Oyo e é venerado por seu poder e justiça.

(*) Ver nota ao final do artigo.

A diáspora africana trouxe a cultura e a religião Iorubá para o Brasil e a levou para outros lugares nas Américas também. No Brasil, a influência Iorubá é muito forte, especialmente na religião, música, dança e na culinária. A religião afro-brasileira do Candomblé, por exemplo, tem muitas de suas raízes na religião tradicional Iorubá.

Assim como todas as culturas e histórias, a história dos Iorubás é cheia de nuances e complexidades (principalmente sua mitologia). As experiências do povo Iorubá não podem ser simplificadas em um único conto. Adebanji Akintoye, em seu livro "A History of the Yoruba People", a referência que mais utilizei no meu livro, oferece uma visão aprofundada da história e cultura do povo Iorubá desde sua formação e dissidências.

Ao olharmos para a contribuição do povo Iorubá, é possível ver como a história e a cultura afro-brasileiras são inseparáveis de suas raízes africanas. Este é um tema explorado em maior profundidade no meu livro, onde busco explorar e celebrar a herança africana (de maneira geral), na formação da identidade sul-riograndense e brasileira.

Entender a herança africana do Brasil é essencial para entender a própria identidade do nosso país. E o povo Iorubá, com sua rica história, sua vibrante cultura e sua influência duradoura, é um exemplo perfeito da contribuição africana na nossa sociedade.

Conforme destaquei no início deste artigo, foram muitos e diversos os povos africanos que foram sequestrados e trazidos para as américas, e mais especificamente para o Brasil. Inclusive quando tratamos da cultura Iorubá especificamente, também temos diversos reinos e povos diferentes trazidos para o nosso país.

Fora os povos de cultura Iorubá e outros que sabemos que chegaram ao Brasil, alguns que não temos registros também podem ter sido sequestrados pelo infame regime europeu e portanto serem antepassados de afro-brasileiros.